21:57

Estava escuro e o relógio já marcava para lá das 5 da madrugada. Junto às janelas podiam ver-se as pessoas que ansiavam respostas. Senti o vibrar do telemovel. Chegaste. Um alivio percorre-me as veias enquanto o vento gelado me beijava a pele. Queria isso mais do que qualquer coisa. Estava consumida. Nem ar, nem mar, nem terra, nem sol. Só tu que te escondias e teimavas em demorar. Finalmente. Estavas ali. Não eras ilusão nem miragem, tinhas vida e podia tocar-te. "Tive saudades" dizias. Nem imaginas o ardor no peito por não dobrares as esquinas das minhas fragilidades e me abraçares. Os ponteiros do relógio nunca cessavam mas pareciam arrogantes na forma de andar, lentamente e com olhar de soslaio sobre o meu suster, sobre o meu pensar. O caminho foi longo e tantas foram as vezes que em que tropeçámos. Nas cascas das frutas que no verão eram fantasia e na sobriedade do inverno eram curvas atrozes. Deves ter muito que contar, do tempo que tão curto e tão sensivelmente eterno passaste longe. Senta-te. Sirvo-te um abraço, quem sabe um beijo. Um recomeço ou a continuação do que nunca foi fim. Fica, conta-me tudo, desta vez não quero que me escondas nada.

Ana Teixeira

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