a segurança e a aventura

19:42

Um dia a segurança perguntou à aventura porque é que ela gostava tanto de a perturbar quando ela menos esperava. Ela respondeu-lhe que uma vida segura, que não nos ponha à prova nos momentos mais dificeis, que não teste a nossa resistência uma vez que seja, nao é uma vida segura. É uma vida de hábitos.

Esta resposta nao a satisfez, e assim, insistiu em questioná-la sobre o seu fraco sentido de oportunidade. Ao que ela lhe disse que o desejo, a diferença, o querer e nao querer, o gostar e nao gostar, o sorrir, o olhar, a incerteza, a duvida, a confusão, o caos faziam parte daquilo que ela tinha que ultrapassar para deixar de se tornar tão medrosa, rotineira e segura de si mesma. Era a unica maneira de a balançar e fazê-la entender que as vezes nem tudo é o que parece. Que as vezes aquilo que parece mais certo é de tudo o mais incerto que temos... que muitas vezes a vida nos agita e nos balança, de uma forma incontrolavel e desmedida para nos fazer pensar naquilo que realmente desejamos, tendo consciência que as vezes nos deixa num trapézio sem rede de segurança, precisamente para nos fazer cair... para nos fazer pensar que nunca podemos dar nada como certo, que a vida é cheia destas coisas que nem sempre conseguimos controlar.

A segurança sentiu-se absolutamente arrebatada e reconheceu que realmente eram o desejo, a agitação, o nervosismo, o anseio e por vezes a confusão que a balançavam quando ela menos esperava. Descobriu que o tempo havia de ser sempre o melhor remédio para a fazer pensar nos seus anseios, na sua vontade de se libertar, de ser autêntica sem medo de descobrir os demais olhares e diferenças. Descobriu que a diferença, os pequenos traços desconhecidos podem ser o mais aliciante... a droga mais viciante que jamais conheceu, o picante mais doce que ja provou, o arrepio na espinha que jamais sentiu. Reconheceu que o desejo da descoberta era provavelmente uma das suas maiores e melhores fantasias, ainda que nem sempre o quisesse admitir. E deu por terminada a sua chuva de duvidas e a prepotência com que inicialmente interrogou a aventura, que era talvez uma das suas maiores invejas.

Ainda assim... a aventura deixou-lhe o melhor para o fim e antes de partir daquele interrogatório cheio de ansiedades e medos disse que outrora alguém lhe tinha dito uma coisa que nunca mais quis esquecer, passando a citar-lhe: [" Mais do que se vestirem os sentimentos vestem-nos (...) ninguém os escolhe porque ninguém os vê, mas eles estão bem vivos e correm o Mundo (...)"].

Por isso segurança, deixa-te de tretas e vive o presente que é aquilo que por certo tens de mais seguro e aquilo que sem sombra de dúvidas conheces como a palma da tua mão.

Ana Tex *

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