a praia, o vento e o mar

20:49

Uma imensidão de claridade e mar... uma infinidade de questões a remoer, riscos demais a estragar-nos o quadro, borrões demasiado extensos a borrar a pintura. Aprendemos a escolher os pincéis e as aguarelas na certeza de que vamos pintar o quadro perfeito, de que vamos juntar sem erros: as formas, as sombras e as cores, num enquadramento perfeito, tão perfeito quanto irreal.
Aprendi a lidar com a agitação... com aquela que me corrói e me mata e aquela que me desafia e me aquece, como se de um bem terrivel se tratasse. Como se se tratasse de uma cura para toda e qualquer ansiedade que nos enche ao dobrar cada esquina. É essa agitação, esse nervosismo, essa sensação de que a respiração se vai suster por tempo indeterminado, que me faz saber que estou viva e que tenho planos, que sinto e nao sinto, que anseio e me acalmo, que espero e desespero numa situação de pânico, alucinação e consciência.

E no fundo, guardo sempre uma lágrima vinda do fundo e um sorriso virado para o Mundo. Numa praia deserta dos dias que passam, fala-me o mar do que ja vivi, tranquiliza-me quanto ao que ja conheci. E é só ali que tudo parece estar certo. Só ali, virada para o Mar, onde começa e acaba o infinito e onde cabem todos os sonhos do Mundo encontrei alguma tranquilidade. Só ali é que houve espaço para os bons pensamentos, só ali é que houve tempo para pureza e desejo, para encontros e desencontros, para apagar os rastos de guerra e de luta e colher o que restou dos pensamentos. Dos sonhos. Misturo tudo e nao sei nada, desenlaço tudo e continuo sem conhecer nada. Nada do que quero, nada do que sei, nada do que espero. A unica coisa que me devora é aquele mar imenso, que me alimenta a alma e me dá alento, e aquela areia, que de tão fina e macia me podia agarrar numa simplicidade sem fim, tatuando-me um caminho ou uma simples figura qualquer. Um sinal. Porque as coisas pequenas sao assim mesmo, as mais especiais. As que nos fazem pensar nas coisas que nos fazem realmente sentir tranquilos, mas que nos agitam tantas e tantas vezes num enleio de fascinios e loucuras. Porque a rendição há-de ser sempre fácil e entregar a alma a quem nos traga um sopro do deserto há-de ser a mais inesperada de todas as leis.

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