sempre o tempo, esse tempo.

19:36

Nunca perguntei a ninguém em que tempo vive ou quanto tempo esperaria por mim. Sempre fui à frente do meu tempo e atrás da realidade que me toca a pele. O tempo é dos que agem. Dos que reagem e não dos que esperam que melodia da canção lhes possa trazer uma resposta. Nunca peço que fiquem ou imploro que esperem. Sou de avanços e de impulsos e quando menos espero é tudo isso que me troca o passo. É tudo isso que me inverte o rumo. É tudo isso que me fecha as portas. Parece que o destino nos quebrou. Não mais a tristeza voltará a mim. O meu sonho largou-nos. Sobra o tempo, aquele vazio que espalha as cinzas, que são tudo o que restou de tanta guerra. Cultivámos um devaneio, demos-lhe de beber e agora o tempo não nos deixa fugir. Deixa-me conhecer o caminho para lhe perguntar porque foge. Conhecer o vento e pedir-lhe que não mais espalhe o desconcerto. Nunca soube nada. Sobre ti. Sobre nós. Sobre nada. Não iria o desejo esvair-se quando finalmente não houvesse mais nada? Não seriam tudo romantismos exacerbados para explicar o passo que nunca se deu? Algum dia conheceste o meu tempo e o meu ritmo ou terá havido sempre um eu e um tu e uma música harmoniosa de fundo, que fazia crer uma união? Não terá sido incrivelmente infantil quando se quis jogar num tabuleiro sem casa de chegada? E se assim for, então do que vale tudo o que se disse? Que valor têm as palavras? E o tempo? Aquele que nunca conhecemos ou soubemos controlar. E as promessas? Oh essas... aquelas que nem o desejo fez sobreviver. Que proeza a tua em me manteres crente! Que burrice a minha em querer acreditar! Nenhuma das chaves que me deste abria a tua porta. Nenhuma correspondia no trinco. E eu… eu desisti de tentar abri-las. E sim, talvez um dia sejas capaz de ver quantas foram as vezes em que em silêncio me pediste que ficasse... As vezes em que sem me tocares me agarraste a mão e pediste que continuasse aqui. A crer num tempo. A crer num destino. A crer em algo que é frágil. Algo que é frágil e se quebra. Algo que sem hesitar, quebrou.

Ana Teixeira

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