Para sempre

17:06

Hoje deixemos de escrever sobre nós. Deixemos de escrever sobre o que sentimos ou desejamos. Para alguns o tempo é curto. Para alguns o tempo é sem tempo. A velhice não é algo longínquo e não pensam como as crianças "quando for grande quero ser feliz". Para aqueles que vêem de perto o fim do tempo esse tempo ganha outro valor. As alegrias ganham outra dimensão. As músicas ganham outro significado. Os melhores amigos tornam-se família. Os mais novos tornam-se legados. Os dias ganham outra vida. As conversas sérias deixam de ser sérias. Nada se ganha. Já nada se perde. Diz-se tudo. Faz-se tudo. Não se quer deixar nada por fazer. Nem por dizer. Nada pode ficar guardado. Ninguém pode deixar de saber o quão foi amado. Ninguém pode deixar de saber a mágoa que causou. O desespero. Quando restava ainda tempo para desesperar. O tempo, esse agora é para perdoar. Para recordar. Para aproveitar. Para partilhar. Enquanto ainda resiste. Enquanto ainda não se escapa por entre cada um dos dedos. E no fim não se sabe se houve esse tempo. O tempo que queríamos. Para dizer o que sentíamos. Para mostrar que amanhã é mais um dia e que tudo pode mudar. Que tudo pode estar diferente. E que esse tempo... pode nunca ser suficiente. Pode nunca vir a chegar...

Para sempre entre nós, António Feio.

Ana Teixeira.

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