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05:23

Acordar. Vestir. Da janela, perdi dois autocarros quando já nem sequer deveria ali estar. Não despertámos de sonhos nem fantasias. Abrimos os olhos de uma noite em branco e da minha cabeça encostada ao teu peito e às mãos frias. Nem calor nem frio. Um salto por cima do teu corpo cansado e imóvel. Do teu pensamento inabalavel e dos teus sentimentos escondidos por detrás de um gesto carinhoso. Na hora em que ninguém mais o pudesse ver. Não fosse por ai aparecer o maldito pecado de querer mais por gostar. Sabe a mentol, a minha boca. Tem o teu cheiro, a minha roupa. O meu corpo que se arrasta pelo curto corredor. O cão que me dá os bons dias e os teus olhos cerrados. Nem uma palavra. O dia nasceu para dois. E para cada um como lei. Não ia ser diferente. Só preferia que agora não me lembrasses poemas ou versos de segredos e músicas que jamais serão ouvidas. Não foi menos por não se ter tornado dois. Foi mais até por ter sido apenas um mas na certeza de que é inteiro. Sem puder largar, mais um dia se ficou. Foram dois dias e uma noite. Depois disso um beijo deslavado e um suposto até já. Alguns meses, foi quanto tempo passou sem cenas de procura ou saudade. O silêncio. Agora, conversas disconexas e sem valor. Um suposto elo. Uma qualquer confiança alimentada pela ideia de que por um dia ter sido qualquer coisa, não morreu ali e pode continuar a ser uma coisa qualquer. Só erras porque quando queres, tens que querer tudo. Completa, complicada, simples e confusa. Com o lado idiota, arrogante, descontrolado, doce, amargo, com desprezo e saudade. Com gritos de raiva ou de desejo. Portanto não há lugar para mais ou menos. É tudo ou nada, porque metades nunca serviram a ninguém. Tiveste a chance, a hora e o lugar para querer tudo. Ali e agora. Se não quiseste não te arrependas, simplesmente não penses que quando pensas querer, podes voltar atrás. O inteiro, para ti é nada... e isso seria caminhares em vão.

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